Rocketman - Crítica (Com spoilers)

Rocketman já está nos cinemas há pouco mais de uma semana, e agora que muitos já assistiram, é hora de falarmos um pouco sobre o filme. Caso você ainda não tenha visto e tenha interesse em ver, deixe para ler essa postagem depois, mas não se esqueça de vir comentar para dizer o que achou!

Diferentemente de seus "concorrentes", Rocketman não é uma simples biografia, como Bohemian Rhapsody, por exemplo. Trata-se de um musical, um filme que utiliza, também, coreografias para cenas de dança, episódios "impossíveis", que nesse filme se resumem à atemporalidades, interação do personagem principal (Elton John) com sua versão mais jovem e vice-versa, o que dá um toque muito mais cinematográfico para o filme.

Rocketman não segue a linha temporal conhecida da vida do artista, o que para uns pode ser algo ruim, mas eu vejo como um impulso para a história em si, já que isso deixa o roteiro livre de retratos temporais. Em suma, sendo assim, não há a necessidade de se retratar todas as épocas marcantes do artista, tornando possível de se fazer isso seguindo uma cronologia direta e sem pausas, cortes, saltos no tempo para os diferentes períodos da carreira. Esse foi um dos grandes pontos positivos desse filme.

A abordagem que foi feita a respeito da vida de Elton John é diferente de praticamente qualquer filme que se tenha visto desse estilo. No filme, o próprio artista conta sua história para algumas pessoas, dentro de uma clínica de reabilitação. É interessante notar o sarcasmo por parte de Elton John, sempre ironizando os episódios de sua vida (como dizer que teve uma infância boa, quando na verdade havia sido péssima, ou dizer que sua namorada aceitou bem o fato de ele ser homossexual).

Outro destaque, e que é uma das coisas imprescindíveis para filmes que se passam em épocas específicas, é o figurino, o visual, e o ambiente das cenas. Tudo isso foi feito com maestria e merece nosso reconhecimento, já que as cenas, tanto na Inglaterra como em Los Angeles, foram todas muito bem modeladas e à moda antiga.



Certamente, os roteiristas não se preocuparam em ser fiéis à vida de Elton John, o que contribui muito mais para a teatralidade das cenas, que podemos ver durante boa parte do filme, principalmente nas partes iniciais, quando ele ainda é criança. Durante o filme, cada parte de sua vida, ao longo da carreira, é resumida superficialmente, o que pode até parecer ruim ou tornar a experiência chata, mas isso é questão de gosto.

Problemas com a família, relações amorosas, drogas, ascensão e decadência, o sucesso, tudo isso é retratado de maneira até um pouco genérica, sem cair fundo dentro do assunto e mostrar como realmente era. É como se o filme estimulasse nossa imaginação, em certo ponto.

Entretanto, nem tudo são flores. Esse filme é, de longe, o que mais deixa os fãs na mão quando se trata de dar um tom épico, extraordinário, magnífico ao filme. As cenas curtas das apresentações e a pouca energia gerada, em principal, pelo fato de Elton John não ter alguma música que seja um "hino" conhecido no mundo inteiro, foram um problema. Os diretores e roteiristas não souberam lidar muito bem com isso, mesmo que as músicas que foram escolhidas sejam empolgantes e agitadas.

Durante todo o filme, não houve uma cena sequer capaz de fazer as pessoas sentirem um arrepio, pelo menos nenhuma em que todos concordem. Mas nada se compara ao final desfecho broxante do longa, que mostra apenas o artista se recuperando depois de uma terapia e deixa todos na mão esperando por um final épico.

Mesmo assim, não deixa de ser um filme incrível, que nos faz refletir sobre questões importantes, situações cotidianas e, ainda melhor, retratar de forma maravilhosa e fiel uma época grandiosa da música, a qual ainda há muito a se relembrar e reviver.